segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Talvez hoje seja dia de voltar a escrever. Talvez não. 
Enquanto meu cachorro mastiga um plastico barulhento ao meus pés, me concentro no barulho da maquina de lavar centrifugando as roupas que usei no carnaval. 
1 Cueca. 
Uma mísera cueca, era minha fantasia, e a passarela a minha adorável cama. Incrível essa relação que temos com a cama. A gente abraça, beija, baba, faz amor, pula, arruma, é um relacionamento estável o que temos com a cama. Chego a me perguntar se precisaria eu de outro relacionamento. Sim é claro. Afinal a gente sempre precisa de conflito.
Ja parou pra pensar como gostamos de uma discussão? Uma pulga atrás da orelha. Ou carrapatos nas costas. Gostamos disso. Gostamos de cuecas sujas, pra poder lavar. De geladeiras pra encher. De vasilhas pra sujar. Gostamos de pessoas pra usar. Sempre fizemos isso. Aproveitamos o máximo deles porque afinal somos nós. Não é mesmo? O que seria da gente sem nós mesmos? Agora o que seria da gente sem tudo isso? Sem eles. Sem os conflitos, sem as pessoas, sem as coisas, sem essa vontade diária de fugir pra algum lugar. E se fugimos, o outro lado seria melhor. E ai precisaria de barco pra atravessar o rio. Somos assim, transformamos águas calmas de um rio, em problema. Nao sabemos apreciar. O universo que ali em baixo passa. Todas as pedras, e incontáveis grãos de areias que ali submersos estão. Imaginem, quantos grãos afogados nesse rio. Quantos peixes se comem por minuto? Queremos chegar do outro lado pra descobrir quem a gente é. Ignorando sempre o que nós faz importante, o que nós constitui. Os outros.

(Gustavo Henrique, Em ''Os Outros'' fevereiro, 2015)

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Egoísmo Suicida

Vieram no meu quarto hoje me dizer pra não me matar.
Eu estava na janela do 17° andar do Hotel Regente Hills, com uma garrafa de conhaque na mão e um ultimo cigarro. 
''-Senhor Gustavo! Abra a porta ou teremos que arrombar!!''
Não entendo os homens, é como se eu nem fosse um deles. 
Talvez ser alheio a tudo, todos e até a mim mesmo seja uma dádiva concedida pelo velho deus, cansado de criar marionetes bobas e sensíveis.
Não entendo essa questão de acharem que o viver e ter controle sobre a sua vida conectada a do outro é essencial.
Eu diria até que, o egoísmo da minha morte, não é meu por deixar pra traz mãe, irmãos e amigos. O egoísmo é deles. Esses sugadores de amor..
E o pior é que eu os amo. 
E os sugo de amor também.
Muito amor. 
Talvez seja por isso que eu tenha voltado pra cama.
Talvez seja só a noite que estava fria demais pra morrer.
Esse amor que calienta nossas almas e nos mantem conectados uns aos outros é o que nos transforma em seres humanos. 
Somos regidos por esse egoísmo. 
Eu disse somos.
Pois voltei por eles e esse bendito amor.
Se fosse só por mim  (...)

(Gus)

domingo, 6 de abril de 2014

me deixe, por alguns instantes, sentir falta de você.

Me faça um favor.
Ao sair, tranque a porta e jogue a chave de volta.
Não quero ver ninguém.
Se voce consegue estar aqui pra me entender,
vai me entender que te quero do outro lado agora.
Não é um fim,
é só uma respiracão baforada, com cheiro de cigarros
e sem vinho tinto, sem voce dessa vez
eu preciso estar sem voce
eu preciso estar sem voce
eu preciso sentir sede de voce
eu preciso sentir fome de voce
eu preciso nao sentir voce
porque se eu só me engordar de voce,
eu posso ter um infarto, de tanto voce,
eu nao quero morrer,
e nao poder te ver denovo.
E pra eu te ver denovo,
eu preciso nao te ver agora

(Sugniev)

sábado, 5 de abril de 2014

A bola da vez


Havia um homem na calçada, 
Com uma viola velha, 
E um sorriso no olhar.
E o sustenido da viola 
Sustentava um horizonte
De uma esperança pouca.
Havia tido tiro alto da policia
Nas premicias do homem na calçada.
Haviam punhos, testemunhos, confusão.
Crianças, televisão. E o homem da calcada.
Estava morto, fosco, vazio.
E o arrepio.
E eu sempre procurei a  explicação.
Estava longe, a vida é um fio.
Se ha felicidade, incomoda a solidão .
Estava velho. Noticia repetida.
Mas a noticia era agora. E a dor gera repercussão.
Estava só, enquanto vivia
E agora que jaz. Seguiu a rota do mundo. 
A bola da vez. Encaçapada para nossa distração.

(Sugniev) 


quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Desabafo

Tenho andado com as pernas tortas ultimamente. Tenho descoberto caminhos tortuosas, montanhas rochosas com arame farpado em suas bases imóveis, esperando a queda fulminante na escalada árdua do pico felicidade. 
As vezes não sei se o rio que corre ao lado vem de cima ou escorre de mim. Eles se misturam com tamanha força que o mar vem fazer visita, dar um tapinha nas costas e dizer: "-calma meu velho! Assim vc me inunda!". E então tomamos mais umas pílulas, entornamos mais umas doses, comemoramos mais um fracasso, compartilhamos alegrias passageiras e tão fracas que parecem as pedras que rolam no fundo do rio. Atoladas, afogadas. E eu no rio, rio. Porque as vezes a gente se cansa de chorar. Até se entediar se sorrir.

(Gus Neves)

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

O Circo


Finquei, metaforicamente falando alguns cigarros nos lábios, outros no cinzeiros, outros pelo chão da calçada da orla. Hoje com algumas lampadas apagadas e cadarços desamarrados em uma corrida rotineira e lágrimas apressadas para que ficassem disfarçadas aos olhos dos outros praticantes.
Bebi sinônimos  metaforicamente falando algumas dezenas de doses, algumas doze dezenas. Hoje o bar não estava cheio e eu cheio de mim, ou cheio de você  Pra dizer a verdade bebi pra tentar te afogar. Acabei me afogando, nas minhas próprias lágrimas.
Chorei sinos, metaforicamente falando, mergulhei em mim, descobri a morte ao descobrir que você não estava mais la, não em mim, ou descobri que eu não estava em você. São confusos os pensamentos.
E fiz malabarismos com as memórias, e me equilibrei na corda no vale da amargura. E pintei-me de palhaço e me fiz de bala, de dançarino, de mágico e o que tirei da cartola foi decepção.
É justamente agora, nas metáforas que encontro refúgio, são verdades disfarçadas  são vestígios do vestido, do calçado, da calçada, aquela mesma que fez companhia para as cinzas do cigarros, fincados metaforicamente no meio da noite, entre as lampadas mal acesas da cidade, entre as latas, coelhos, cartolas, circos, e trampolins, me fiz de palhaço  me deixei envolver, com a mágica do circo. Com seus segredos e inverdades, com suas metáforas.

[Gustavo Neves]

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Rabiscos

Hoje é só mais um dia em que me pego rabiscando de um lado pra outro as folhas finais de um caderno jogado. E eu não estou pensando em nada. Mas o que seria nada? Nada é tão relativo, quanto Tudo.
“-vai colocar tudo isso? -Nada, só um pouco” “-vô, você esta doente? -Não meu filho. Está tudo bem!” E a morte leva, pra onde? Pro nada. Dia em que dezenas de folhas são rabiscadas, longo dia esse, ond
e nada pra se fazer se torna tudo o que você tem em mãos, e agora o paradoxo de nada ser tudo. A resposta fica inalcançável, eu não gosto de ter perguntas não respondidas, eu não gosto de fazer perguntas que não tem respostas. Outro caderno, outro pensamento, mesmo semblante triste, e outra folha e o rosto intacto, imutável, triste, o reflexo do meu rosto deformado pelo espelho convexo roubado de um ônibus, que pendurei no quarto há alguns dias. Já não sei se hoje é segunda ou quinta. Rabisco as folhas do calendário. E a caixa da pizza. E começo a fazer desenhos solitários nas mãos. Bocas que se conversam e um dialogo surge entre as mãos com bocas e olhos desenhados: “-vô, você esta doente? -Não meu filho está tudo bem” . Acho que hoje é segunda, ou seria quinta, não gosto de ter perguntas não respondidas, e o calendário não ajuda em nada, não me localizo. La se vai o ultimo pedaço de pizza, La se vai a tinta da caneta, La se vai o dia, as minhas perguntas, La se vai minha segunda, minha quinta, e se vai tudo. E nada era meu, e tudo era nada. Não gosto de ter perguntas não respondidas. Não gosto de fazer perguntas que não tem respostas. Acabou o caderno e eu não estou pensando em nada.

(Gustavo Neves - 2 da manha - 23/10/2012)

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Um terço de Terça


Noite de terça-feira, alguns salgadinhos e refrigerantes fizeram companhia pra nossa solidão, a minha e da lua. Brilhava bonito, mais que o normal. É engraçado como ela faz seu papel de coadjuvante ser importante ao ponto de confundirmo-nos, se é mesmo o protagonista seu parceiro da peca do teatro. Sempre quando ela entra em cena ele já saiu, ou se não saiu é ofuscada pelo seu reluzir, bom a noite prossegue e me incomoda o fato das sirenes ligadas ultrapassarem as barreiras impostas pela física dos travesseiros na nuca. Se eu fosse o sol, o sono faria o papel de lua, só viria quando eu não estivesse, e como não existe forma de não estar, o sono não viria. Noite eterna seria aquela de terça-feira. Que falar sobre seu começo estranho? soaria sombrio, ou até mesmo pabulagem, Café mal passado, camisa mal passada, e o passado? bom... Aquela ligação interrompendo o meu vicío matinal de gargarejo, jornal e panqueca não me incomodaram, eu ouvia aquela voz feminina robô enquanto me concentrava na busca incessante pelo ingrediente perdido, “-açúcar refinado!”, comemorei alto, interrompendo a moca simpática e previsível do outro lado da linha ao findar dentro do armário encontrando o tao procurado ingrediente. Depois dos primeiros segundos de reflexão da mocinha, percebendo que nada daquilo era com ela, prosseguiu com seu discurso de boa vendedora e eu prossegui com meu malabarismo de elementos. Pescoço desconfortável com aquela tortidao causada pelas Mãos ocupadas de cozinheiro de quinta (ou de terca de manha). Eu refutava “Não, obrigado”, repeti aquela mesma sentença, por algumas dezenas de vezes até a desistência da robô. E quando finalmente o telefone resolveu fazer morada no gancho, na troca de bolas e confusões mentais daquele instante, casca de ovo pro gancho, telefone pra frigideira e panqueca pro lixo, mas que burro não? Parece inconcebível tamanha tolice, mas em questão de segundos me arremessei em desespero em cima da frigideira e me perdi em devaneios tolos causados pela fome, e no meio do caminho resolvi salvar a panqueca pela regra dos 3 segundos de contaminação, e fiquei naquele impasse, e duvida enquanto milésimos corriam, e aquela cena, em câmera lenta se passava para os expectadores divinos que com certeza riam, eu ia de um lado pro outro sem saber o que fazer.. E o telefone tocou novamente. Peguei antes mesmo de terminar o primeiro chamado, com um misero centímetro de sua capa deformada pelo calor,”Aloo?” eu me voltei pra lixeira, procurando aquela panqueca, que tal fome naquele momento e stress causados pelas recorrências dos acontecimentos, cegou-me de que aquilo agora provinha da lixeira, já passava dos 3 segundinhos malditos, agora com a panqueca na Mao e o pescoço torto novamente, falava com a boca cheia. “aaaai”, gritei novamente deixando o telefone cair no chão e espatifar-se por completo. Era muito pouco tempo pra pegar tanta temperatura, bom nunca fui bom em física, e nem em dissipação de calor, e agora estava com a orelha queimada, me sentia um idiota, batia a panqueca no meu rosto por seguidas vezes ate despedaça-la por completo também, pura loucura! Pura comedia para os divinos, trabalho teve Soraia, a moca que limpa meu apartamento nas tercas, tadinha, minha única companhia nessas ultimas semanas. Eu agora sem namorada, que terminou por motivos de falta de atenção, dizia ela, sem emprego por derramar café no chefe, motivo tolo? Concordo. Era só eu e a lua, dividindo salgadinhos e refrigerante com o vento na janela. Sem panqueca, sem café, sem ligações de telemarketing, sem confusões mentais e comedias divinas. Foi apenas um terço da terca. Imagina que dia, E eu não paro de lembrar disso... e essas sirenes que não param de tocar, e esse travesseiro que não cobre o som, e esse sono que não chega! Ta parecendo sol e eu lua. E eu achando que seria só coadjuvante.

(Gustavo Neves)

terça-feira, 24 de julho de 2012

Dividas De Um Poeta (minha xodó)




E o pior La vem a mentira chutando o balde
Sangrando que so,
La vem o segredo que a tanto escondia
Renascendo do pó
La vem a risada alheia, a areia nos olhos
Que dó
Perdi toda safra e a cifra de hoje é
Cantado em Re menor
Perdi todo ouro, E eu to de vemelho
E o touro não vai me deixar existir
E eu to de laranja, La vem a vinganca fazer
Bagaco de mim
Não dona branca, o que eu devo a senhora
Eu pago semana que vem
Toma essa rosa, reze um terço no final diga amem
Que é pra senhora perdoar os pecados
De quem é aprendiz
Que e pra senhora esquecer essa nota
Sem rancor a gente vive bem mais feliz
Mas o pior e o quem vem vindo e não para de vir
La vem a garota do carro entrando
Eu preciso sair
La vem o desgosto
Pedindo de volta o imóvel
Ou pague aluguel
Sou jovem poeta
Que arrisca a vida
O que tenho e so este papel
Eu vivo de sonhos
Vivo na lua
Sem verdade a conhecer
Sou o civil alienado
Sem verdade crua
A aparecer.
E La vem a delegacia
“Não pode roubar-se mais um pão?”
Se não ganho dinheiro com poesia
Como devo ganhar então?
Não sou vagabundo
So culturo-me de cultura criada
Crio palavra, crio estrela
Mas nada se cria do nada.
E La vem a mentira zombado do eu
Que ela nem sequer me conhece
La vem o segredo
Que demora um tempo mas
Denovo aparece
E La vem tudo que eu jurei não mais me cobrar
E La vem me cobrando
Com juros e correção moneteria
Desta vez vou ter que pagar.

(Gustavo Henrique Neves)

Palavras do Olhar




Diz que me ama
Diz sem ter que dizer
Diz sem ter que falar
Diz todos os dias
Das mais belas formas
Maneiras, trejeitos
Diz daquele seu jeito
Que só você sabe dizer
Diz dizendo nada
Nada mais nada menos
Do que dizer que me ama
Provando que ama o que diz
Dizendo que ama
Falando não!
Dizendo que ama me amar!
Diz que me ama!
Diz com palavras do olhar!


(Gustavo Henrique Neves)

Engano




Pensava eu que já tinha visto de tudo!
Pobre cego. Rico surdo.
Pensava eu que já estava no fim!
Que cortaram a linha!
Mas veio câncer no rim!
Gripe da tal de galinha!
Cerveja causava cirrose!
Amor entre dois? HIV positivo!
Da droga vinha overdose!
Coisa da qual nunca tinha lido ou ouvido!
Caído no chão com tuberculose!
Se era genético ou espalhava entre si?
Processo no qual não explica a meiose
Se o destino é morte? A resposta é sim!

(Gustavo Henrique Neves)

Conto!




Desde quando me dou conta, conto os passos em seis metros
Utilizo alguns métodos quando eu não sei contar!
Olho os falsos andarilhos pelos trilhos a plainar,
As vidraças de ouro fino. Ouro fino é vidro oco.
Quebra fácil se chutar!
Olho as ruas desertas, nos desertos arruaças
Pinto branco, verde-agua
Do Brasil a Nicarágua, JK a Itamar!
Faço logo, logotipo, tipo logo, logo ligo!
Ou não ligo se quebrar!
Vejo o cego que me vê! Olho alto grito forte!
Ganho um nome: deby loid!
 Fumo um derby pra acalmar!
Pinto eu-me vejo fácil!
Corro longe nu sozinho!
Procurando o caminho!
Que eu sei que não existe
Mas se queres meu palpite!
Eu prefiro procurar!

(Gustavo Henrique Neves)

Alcool




Meu pai ta morrendo
Maldito veneno! O álcool assassino!
Que desde outrora o leva aos poucos!
Meu pai ta morrendo! Pior é que entendo!
Contra o tempo correndo!
Aquele menino dos anos 70.
Se um dia foi leite!
Hoje amamenta
E so faz crescer este vicio!
Virar gente grande!
O vinho de cristo!
Maldito petisco!
Provando que sábios, também podem errar!
O falso profeta! Levando o que resta!
De figura paterna!
De dentro do Lar!
Fazendo sair, ir embora de mim!
Morrendo com o tempo que não pode voltar!
Quem sabe uma chance?
Ou um novo romance?
Cravado na cama o faca sair!
Mas neste inverno onde o frio é o que resta!
Ou um tiro na testa!
O faca desistir!

(Gustavo Henrique Neves)

Vida




Tum, Tum , Tum
Não é coração
Não é sentimento
Toc toc toc
Não é porta
Não é coisa morta
É coisa vivíssima
Das mais belas da vida
Coisa estranha
Coisa coisada
Diferente de vida matada
É vida criada
Vida gerada
Vida viada
Virada
Esvairada
Vida veloz
Vida sem voz
Vida sem coração
Mas não é sentimento
Não é coração
Não é coisa morta
Não é coisa torta
É coisa virada
Mas não estragada
Nem extraviada
É coisa vivíssima
Das mais belas da vida
Só é vida vivida
De menos na terça
Não é um bicho de sete cabeças
Não cospe fogo pela boca
É vida louca!
É vida pouca!
Tanto pouco!
Tanto muito!
É só a vida!
Não importa se é vagabundo!
Se é delinqüente!
Se aparece do nada e pode sumir!
Assim como tudo que entra
É a vida!
Um dia terá de sair!

(Gustavo Henrique Neves)

Abobrinha




Fala serio! É desde ontem que insiste nisto!
Desde antes da minha novela! Antes do meu jornal!
Antes ate do horário do cínico, digo, político!
E desde La que insiste nisto.
Em dizer-me o que eu fiz, o que eu sou o que no mínimo eu deveria fazer!
Se enxerga!
Desde ontem diz-me pra ficar de olho na verdade!
Na sua verdade!
Tive de desligar o televisor!
Pelo menos sou obediente, senhor!
Mas vem de antes ainda!
Desde antes que insiste!
Antes daquela sangrenta ditadura!
Da guerra, contra os importadores de mercadorias falsas!
Qual era o nome? Isto mesmo Paraguai!
Ta bom de historia em papai!
Bem antes da dona Elizabeth, da dona Odete!
Oh aqueles olhos de mel! Ops, voltando!
Bem antes da princesa Isabel.
Do 1808 quando atravessaram o mar de sal
É bem antes daquele Cabral!
É desde antes que insite! Que persiste!
Que guerreia! Que quer controlar! Que quer acabar!
Escambar! Me ditar! Importar! Tesourar-me de seus planos
Levar meu tesouro. E desde antes que insiste!

(Gustavo Henrique Neves)

Fim dos Tempos




O mundo vai a casar! É o que dizem por ai!
Já tem ate data marcada!
O padre já conseguiu o coroinha! Salve Jesus!
Espera! Acho que li errado.
“o mundo vai acabar ”
Agora sim! Que burrice a minha! Que burrice a nossa!
Quem escreveu isso? Tem um louco espalhando mentira?
Tem sete bilhões de loucos acreditando na mesma?
Desde quando o mundo acaba em 2012
Temos videntes espalhados por ai?
Viajantes do futuro? Cartomantes?
Eles prevêem alguma coisa?
Não creio nestes tais de maias!
Ainda teremos muitos maios!
Cale-te mocinha!
Não vai me convencer com isso!
O mundo não vai acabar!
Já acabou!

(Gustavo Henrique Neves)

Metáflora




Bom dia flor do dia, seu caule esta forte!
As cores em ti brilham .As pétalas estão pro norte.
Querendo mais!
Bom dia flor que anda! Que fala! Que canta!
Bom dia flor, que nasce, cresce, murcha e morre!
Bom dia flor vida! Bom dia flor viva! Viva!
Vida longa a flor! E um bom dia a todas elas!
As brancas, pretas, amarelas! Chinesas, africanas, brasileiras, americanas.
Bom dia a todas vocês! Que sangram uma vez por mês!
Se não sangram é positivo. Pode ser mais uma que chega.
Mais uma com identidade marcada!
Nasce cresce murcha e morre.
Bom dia minha flor

(Gustavo Henrique Neves)

Futebol Politico




Caramba, carambola
Corre atrás de uma bola
Corre dela o dia inteiro
Vermelho vai pra fora
Amarelo no carrinho
Machucou o deputado
Senador comprou jatinho
Casa lancha moto e carro
A faxineira de mochila
Com o cece do companheiro
Mais um amarelo vai pra fora
Sai do mundo vai embora
Quadro negro de verdade
Sentindo o peso da idade
E não parar de trabalhar
Base da nossa sociedade
Educação ta de primeira
E a seleção brasileira esqueceu como jogar
Pega bola bate o penalty
Chuta fora que descente
Pato ganso e o neymar
Pega bola chuta fora
Não é culpa de Itamar
É culpa de quem votar
É culpa de quem não quer bem
De quem não quer ganhar
Alo Brasil, alo bola traiçoeira
Te procurei a noite inteira.
So pra poder te perguntar!
Porque machucaste meu amigo.
Que voto todo ano.
Em troca de festa em troca de rango
Como que ele pode ir trabalhar?
Assim não vai ter como
Você atrapalhou ele a roubar!

(Gustavo Henrique Neves)

Pela Fé




Pela pia pira porá
porá fora toda pilha
ilhado pela policia
pelo papa pobre pinha
pinha pouca panelaço
marmelaco pra panela
poliedro polipedra
pelo palmo que me pega
para monte pólo norte
come pilha de outro porte
para pólen pilha e forte
paralamas ce tem sorte
pela ponte passo o palmo
sinto o prego pela palma
o polegar parece um pólo
para poly póla atolo
pego o bolo pelo pé
pra labuta ganho poço
faço tudo pela fé

(Gustavo Henrique Neves)

Vidas Secas




Como dizia Sartre:
A existência precede a essência
A segunda vem desde menino
Se é ou não coincidência
Deixe que diga o destino
Se suar faz bem para vida
Que eu soe a vida inteira
E se fizer bem também
Que eu viva só na canseira
Que eu coe o sol com a peneira
Que eu chore a noite inteira
Pensando no suor de amanha
Por não conseguir trabalhar
Pensando na seca da chuva
Por não poder mais plantar
Esperar a chuva por meses
Mas rezar pra ela vir devagar
Por tentar e tentar muitas vezes
Por existir esperança no fim!
E rezar pra que eu vença essa seca.
Essa vida seca em mim.

(Gustavo Henrique Neves)